quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Metade


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado [por mim!]
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

domingo, 27 de setembro de 2009

Compulsividade



Nossa! Não sei muito o que escrever...

Acho que não estou com muita criatividade para expressar meus sentimentos, mas é que hoje estou me sentindo tão sensível e carente de qualquer forma de amor. Amor de pai, de mãe, de irmão, amigo e amante, enfim de amor. Amores não correspondidos, amores perdidos, amores confusos, amores platônicos e esquecidos, amores enterrados e amores complicados, amores que vem, amores que vão, amores que permanecem, amores que nunca serão... Mas é tudo tão complexo ao meu ver! Em matéria de amor, nessa vida só tenho notas ruins, não sei onde eu erro, se é o que faço, acho que mais o que eu deixo de fazer... Talvez seja todo o meu racionalismo que insiste em me acompanhar em todos os instantes do meu dia, que me faz dizer não, querendo dizer sim, que me faz fazer uma coisa querendo outra, que me faz ser metódica e sistemática, eu até tento ser sentimental, agir emocionalmente, não que eu seja tão ruim nisso, talvez falte prática... Mas a razão está sempre sobressaindo...
Estou tão perdida, acho que já se foram os dias em que eu gostava de estar sozinha.
Talvez até seja bom estar sozinha curtir a liberdade. Mas não agora...
Talvez seja somente coisa de momento, pudera! Não!?



"E nessa loucura de dizer que não te quero, vou negando as aparências, disfarçando as evidências... Mas pra que viver fingindo se eu não posso enganar meu coração... Eu sei que te amo! Chega de mentiras! De negar o meu desejo! Eu te quero mais que tudo! Eu preciso do seu beijo... Só quero ouvir você dizer que sim..." (Composição: Jose Augusto / Paulo S. Valle)

'Às vezes é necessário adaptar o cérebro para escutar o que o coração já sabe...' ( Anjos e Demônios- Dan Brown)

sábado, 12 de setembro de 2009


Depois de tanto tempo e tanta correria, estava na hora de escrever algo..

Esses dias estou sendo tomada por sentimentos tão distintos em tão pouco tempo... Às vezes com uma felicidade resplandecente que não cabe no peito, e outras um tristeza tão grande que queria simplesmente sumir.
Esses dias têm sido tão cheios de tudo, mas tão vazios ao mesmo tempo, tão encantadores e devastadores, tão cheios de verdades e mentiras, de utopias e realidade, de sonhos e pesadelos, nada meramente regrado, mas extremamente em excesso.
Poucas vezes faço e demonstro o que quero, muitas vezes espero tanto de tudo e de todos e na maioria delas, a decepção é parte da história. Meu coração tem estado partido como um vaso vazio, incompleto como o céu sem luar...
E parando para pensar nisto vejo que não tenho feito muito para juntá-lo, não tenho feito muito por mim, tenho expressado sentimentos que eu nem sinto que sinto, tenho transmitido uma felicidade e autoconfiança que não consigo encontrar em mim mesma, será que atuar é tão parte de mim?
Onde foi que me perdi? Preciso me encontrar...




"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos"
Clarice Lispector

domingo, 6 de setembro de 2009

impressões colhidas pelos sentidos.


Talvez eu tenha sido imatura tantas e quantas vezes na vida.
Talvez eu não tenha superado expectativas.
Talvez eu não tenha sido nada do que esperavam.
Talvez as pessoas esperam muito de mim.
Sabe que às vezes é dificil manter essa postura de menina a mulher, frágil, sensível, meiga e ao mesmo tempo forte, durona firme e sorridente.

Às vezes eu também me canso.
Como subir uma enorme escadaria e não ver nem o primeiro nem o último degrau.
Olhando seres inanimados todos em um pedestal, como marionetes assassinas rogando por canificina.
Exalando egoísmo, mentiras, inveja e hipocrisia.

Sabe quando você espera liso e vem listrado.?
E a frustação toma conta.

Quando a válvula de escape não está em perfeitas condições?
Quando você está cansado da presença ausente?
Porque esse tipo de ausência, para mim, é o pior.


Acho que com isso tudo acabei me esquecendo que tenho sentimentos, embora para alguns não pareça, por estar vivendo, de certa forma, em função de sentimentos alheios.
Mas acho que está na hora disto acabar.